Por Gonçalo Júnior
(Participaram da entrevista Marcos Souza e Novaes. A tradução ficou por conta de Fabíola Moura)
A vitalidade profissional e criativa de Will Eisner, aos 83 anos, demonstra supera sua capacidade como artista gráfico. Sua busca permanente pelo experimento não apenas presenteia o público apreciador de um outro tipo de quadrinhos, aquele que aprecia o comic tratado como obra de arte,como amplia as potencialidades dessa forma de expressão. Eisner acredita que os quadrinhos é uma arte que ainda tem muito para evoluir e continua dando sua contribuição nesse processo.
Com isso, a história dos quadrinhos amplia sua dívida de gratidão com esse artista que fez escola e influenciou nada menos que o cinema de Orson Welles, a partir de sua revolucionária criação, "The Spirit", de 1940.
Depois de ajudar a emplacar o quadrinho americano de autor na década de 80, com suas auto-biográficas graphics novels, ele tem se voltado, nos últimos anos, para o público infanto-juvenil com versões de clássicos da literatura mundial. Na verdade, como qualquer clássico do gênero, suas adaptações merecem ser lidas por todas as idades. Entre os títulos, "A princesa e o sapo", "A baleia branca" e "Dom Quixote", baseado na obra de Miguel de Cervantes, todos publicados pela Companhia das Letras. Sendo este último um privilégio para o leitor brasileiro, único a ter à sua disposição a clássica história do aventureiro sonhador que era visto como um velho maluco. Em todos, Eisner exercita seu poder de síntese tanto na escolha dos episódios narrados quanto no modo de desenhá-los. Ele fala nesta entrevista exclusiva, concedida na sua última visita ao Brasil, há cerca de um ano, e só publicada agora pelo zine Balloon, sobre o desafio de transpor para a linguagem dos comics, livros consagrados, suas influências e os autores que influenciou, o processo de criação de "Spirit", suas experiências com graphic novels e sua proximidade com o público.
P - O senhor lançou Dom Quixote, especialmente no Brasil, onde existe uma espécie de veneração a seu trabalho. A que o senhor atribui esse fascínio, em particular, do brasileiro, por suas histórias?
R - Eu sempre fico animado com a recepção brasileira às minhas históriasmais "sérias", pois sempre senti uma empatia especial com estas. Isto provavelmente se deve ao fato de que as minhas histórias se preocupam basicamente com a luta do "pequeno" homem com a própria vida. Tanto a recente história "A princesa e o sapo" quanto "A baleia branca" são apreciadas por esta audiência, pois mais uma vez as construí do ponto de vista da vítima.
P - O senhor já esteve diversas vezes no Brasil. É possivel, depois de seu contato com esse público, dizer se o brasileiro é diferenciado do americano e de outros países quanto à receptividade de seu trabalho? Por quê?
R - Eu tenho uma sensação inexplicável quando estou com leitores brasileiros, algo como estar com primos. Quando visito o Brasil e passo um certo tempo com colegas, as vezes tenho a impressão de que compartilhamos heranças "semelhantes".
P - Desde os anos 40 que a adaptação de romances para os comics tem provocado polêmica. Acusam os ilustradores de mutilarem e banalizarem os clássicos, além de desestimular a leitura do original. É óbvio que se trata de linguagens diferentes. O que o senhor acha disso?
R - A dificuldade em adaptar os grandes romances clássicos a uma forma de arte seqüencial está nas limitações deste meio. Ao tentar traduzir uma obra como um grandiloqüente romance de Joseph Conrad (autor de "Coração nas Trevas" e "Sob o Sol do Ocidente") usando apenas imagens, o escritor/artista estará limitado-se à mera essência da história. Isto resulta em um tipo de versão "taquigráfica" do romance escrito. O desafio para o criador neste formato, os quadrinhos, é dar à sua adaptação uma qualidade em si própria, em vez de tentar cumprir a impossível tarefa de igualar ou superar a profundidade do texto original. Mas isso não é um privilégio das histórias em quadrinhos. O cinema tem o mesmo problema.
Cena de "O Edifício"
P - O senhor tomou alguma precaução para preservar o original ao transpor os clássicos para os comics?
R - Eu simplesmente tento preservar o cerne do romance. Isto é tudo.
P - O senhor acha que suas versões para "A Princesa e o Sapo" e "A Baleia Branca" são, como seus outras comics, capazes de interessar um público de faixa etária variada ou são apenas destinados a um público infanto-juvenil?
R - Sim! Ao fazer esses álbuns eu tentei me dirigir ao leitor jovem e, ao mesmo tempo, preservar um certo conteúdo psicológico e penetrante que o leitor adulto também deve achar interessante. Vale lembrar que a maioria dos livros infanto-juvenis clássicos e famosos já foram lidos e apreciados por adultos.
P - E quais são as especificidades de se criar um trabalho destinado a um público infanto-juvenil?
R - Penso que em todas as faixas etárias, a história contada deve ser
relevante. Ou seja, é preciso que haja conteúdo. O desafio é escolher temas de interesse do público leitor de quadrinhos. Os super-heróis, por exemplo, são relevantes para os adolescentes, pois satisfazem as fantasias psicológicas profundas que preocupam os jovens.
P - "The Spirit", além de ser uma personagem revolucionária na concepção dos desenhos, dos textos e da linguagem dos comics, continua atual. O senhor tinha a noção dessa importância quando o concebeu, em 1940?
R - Sinceramente, no início eu fiquei surpreso com a permanência de "The Spirit" no mercado de quadrinhos . Mas agora percebo que era este o meu desejo inconsciente quando o escrevi. Desde o princípio da minha vida profissional acredito que os "quadrinhos" são uma forma literária eficaz. Tentei escrever histórias construídas sobre temas fundamentais. Como qualquer outro escritor, queria escrever histórias com conteúdo. Não me imaginava simplesmente criando passatempos.
P - O senhor chegou a tomar conhecimento de que o diretor Orson Welles foi influenciado pela histórias de "Spirit" para fazer "Cidadão Kane" (1941)?
R - Não. Eu admiro muito Orson Wells. Ele realizou sua obra de maneira bastante inovadora. Acho que nós dois gostamos de experimentar.
P - Quando o senhor ficou sabendo que teria influenciado Welles?
R - Anos depois, quando me contaram. Eu realmente vejo uma semelhança no tipo de narrativa que ele impregnou no filme e meus quadrinhos.
P - Por que o senhor não quis mais desenhar "Spirit"?
R - Eu parei de fazer as histórias de "The Spirit" em 1952. Em 1966
cheguei a fazer uma nova história e em 1975 outra para a Universidade Canadense. Parei porque comecei a me envolver na publicação de quadrinhos educacionais.
O clássico "The Spirit"
P - Parece que "The Spirit" trazia, com seu humor, uma maneira de ver a vida através de uma ironia muito fina. Suas graphic novels, no entanto, priorizam o drama, com um forte senso de tragicidade. Por que suas criações apresentam essa espécie de diferenciação temática?
R - Há humor na tragédia da desesperada luta pela vida. A ironia em
tentar triunfar contra as implacáveis forças da vida é que nossos esforços normalmente são ridículos, e o ridículo é engraçado.
P - Sabe-se que suas principais influências foram seu pai, alguns filmes do expressionismo alemão e a personagem de quadrinhos "Krazy Kat", de George Herriman. O senhor poderia explicar e especificar melhor como a presença dessas influências pode ser verificada na estrutura de seus quadrinhos?
R - Então, vamos lá. Nos quadrinhos, a obra de Milton Caniff (criador de "Terry e os Piratas") me ensinou a narração; "Krazy Kat", de Herriman, me ensinou como prender graficamente o leitor; e o "Popeye" me ensinou a explorar a ação e o humor com o mínimo de arte. Quanto a Fritz Lang, seus filmes influenciaram minha compreensão do drama.
P - "Krazy Kat" foi a maior influência, não?
R - Você pode notar a influência de "Krazy Kat" na disposição de minhas páginas, com o uso de espaços e a eliminação da divisão em molduras fixas.
P - Tanto o senhor como Art Spiegelman fizeram graphic novels autobiográficas que tratam do Holocausto da Segunda Guerra Mundial. Coincidentemente, vocês têm como elemento principal a questão do relacionamento pai e filho. As várias mágoas e tensões do relacionamento entre pais e filhos, das relações familiares, são uma espécie de constante na obra de artistas de ascendência judaíca (Philip Roth, Woody Allen e Allan Sherman). Quais os motivos que fazem com que esse tema assuma tanta importância para o artista com ascendência judaíca?
R - Primeiro, é preciso lembrar que a relação entre pai e filho não é algo singular para os escritores judeus. Eu acho, talvez, que os escritores judeus tendem a se influenciar pela importância da família em suas vidas. As minhas graphic novels autobiográficas não tratam exatamente do tema do holocausto contra os judeus. Elas se preocupam com a vida nas grandes cidades.
P - O senhor costuma afirmar que "a única história em quadrinhos verdadeira é feita em preto e branco". Isso porque o preto e branco, nas suas palavras, permite uma interação precisa entre a imagem e a palavra. Enquanto que o colorido "rouba a cena e secundariza os diálogos dos balões". O senhor não acha que isso é uma espécie de preconceito purista?
R - Você apontou a razão pela qual eu acho que o estilo preto e branco é mais adequado ao meu tipo de quadrinhos. Não estou dizendo que é superior em todos os casos. Afinal de contas, eu fiz "A princesa e o sapo" e "A baleia branca" em cores. Mas não é nenhum tipo de elitismo.
P - Será que em toda a sua carreira artística o senhor nunca viu uma HQ colorida que apresentasse essa propalada interação entre imagem e palavra?
R - Sim! Claro!
P - Em alguma entrevistas, o senhor criticou os quadrinhos dos anos 80 e 90, que estariam privilegiando uma espécie de desenho mirabolante e secundarizam a qualidade dos roteiros. Contrariando suas críticas, o senhor não acha que os anos 80 e 90, de fato, trouxeram de volta a importância do roteirista?
R - A produção de escritores e desenhistas de quadrinhos nos últimos vinte anos tem sido brilhante. O problema ao qual me referi é que muitas vezes a obra de arte é tão poderosa que a inter-relação entre as duas formas acaba se rompendo. O resultado, as vezes, é um texto brilhante e uma arte maravilhosa, mas sem nenhuma conexão entre estes. Com relação aos desenhistas e escritores de "New Spirit", eles são excelentes, são mestres por seus próprios méritos. Possuem uma visão muito contemporânea e por isso são muito bem recebidos. Eles não tentam ser Will Eisner. Respeito o trabalho deles porque não abriram mão de sua própria
identidade.
P - Uma faixa do mercado americano de quadrinhos que tem crescido muito ultimamente é a chamada small press. São editoras de pequeno porte, com quadrinhos em preto e branco e que não tratam de super-heróis. Quais as causa que o senhor credita a esse crescimento?
R - Os leitores que eram fãs de histórias em quadrinhos alguns anos atrás estão crescendo. Mesmo depois de crescidos, a vontade de ler arte seqüencial permanece com eles. Só que essas pessoas procuram quadrinhos mais desafiadores, mais maduros.
P - E como consumidor, quais os quadrinhos contemporâneos que o senhor mais gosta?
R - Não tenho favoritos. Já não sou mais o mesmo consumidor que era quando jovem.
P - O computador tem sido últil como ferramenta de trabalho?
R - Não uso o computador para desenhar. Várias pessoas do meio, com maiores conhecimentos de informática, que estão usando-o basicamente para fazer fundos de cena, e como uma forma melhor de manusear as imagens na página. Eu ainda sou apegado ao lápis, à caneta e ao pincel. Confesso um certo prazer no trabalho com lápis e pincel que é parte do que faço. É claro que uso o computador para fazer pesquisas.
P - O senhor é muito respeitado e cultuado na América e na Europa. Mas o Brasil foi o primeiro país a realizar um documentário sobre sua vida. Como o senhor vê isso?
R - Eu já dei muitas entrevistas à TV, mas o Brasil é o lugar do primeiro documentário biográfico. Eu o assisti e achei muito bem feito. A produção é de Marisa Furtado.
P - Como o senhor vê o preconceito de que os quadrinhos são um meio de expressão menor?
R - Os quadrinhos como nós os conhecemos, têm por natureza algumas limitações tecnológicas. Estas, como por exemplo a não ambigüidade das imagens, causam um impacto no artista porque inibem a abstração. E as limitações impostas pelo espaço dificultam que a necessária profundidade de narração seja atingida pelos quadrinhos. Mas como em todas as formas de arte, o talento é, em parte, a habilidade com a qual o criador consegue triunfar. Nos quadrinhos, eu acredito que a medida do talento não está somente nos desenhos. Na realidade, está na maestria da narração e na criatividade em combinar palavras, idéias e imagens em um conjunto agradável. A mais importante tarefa dos quadrinhos, afinal de contas, é narrar uma história na forma de arte seqüencial. A arte chocante ou rebuscada não é suficiente.
P - Os quadrinhos atingiram sua maturidade?
R - Creio que os quadrinhos estão começando a explorar a sua potencialidade de tratar assuntos mais sofisticados. Acredito que os quadrinhos enquanto forma literária ainda estão na sua infância e têm um futuro promissor.
P - Os comics americanos passam hoje por uma crise sem precedentes, principalmente de saturamento na temática dos super-heróis. O que está acontecendo?
R - O mercado internacional de quadrinhos está sofrendo uma recessão. Não na qualidade do que está sendo produzido, mas sim em seu marketing. Nos anos 80 e 90 houve uma estouro. Os álbuns explodiram em cores, desenhos feitos com tinta óleo, capas em relevo e com estampas minuciosas. Além disso, os colecionadores que acreditavam poder enriquecer de uma hora para outra acumulando primeiras edições aumentaram as vendas muito acima do normal. Devem ter ficado muito desapontados. Hoje, estes fatores diminuíram. Os quadrinhos deixaram de ser novidade. Agora eles estão se moldando à forma de veículo de comunicação eficaz e isto em grande parte se tornou a medida de seu valor.
P - Com o aparecimento de novas formas de lazer a partir da tecnologia, não estaria na hora dos editores reverem o conceito de megatiragens dos comic-books?
R - Eu não sei o que significa "mega-tiragens". Os editores sempre
estiveram em busca do mercado. A sua função é "encontrar" o leitor. Eles estão e continuarão preocupados com o empacotamento, com a busca e com a entrega para um público identificável. Eles não são criadores.
P - O caminho para os comics é a sofisticação, com álbuns luxuosos e caros?
R - O caminho é um conteúdo que agrade ao leitor.
P - Isso não elitiza e limita o acesso do público a uma forma de arte de massa?
R - Da mesma forma que o público finalmente aceitou o jazz, ou o cinema, eles virão até os quadrinhos, desde que, é claro, o conteúdo destes continue amadurecendo.
P - O primeiro século de vida dos comics está acabando. Uma das
conclusões é de que poucas artes foram tão censuradas e perseguidas como os comics. A que você atribui isso?
R - Desde o começo, os quadrinhos foram encarados como literatura infantil. Devido a seu grande número de leitores, eles eram examinados em busca de um "conteúdo prejudicial". Nós vimos isso no cinema, na TV e agora na Internet. Nossa sociedade tende a culpar o mensageiro pelo mau conteúdo da mensagem. A ironia é que os quadrinhos, assim como o cinema ou a TV, refletem o ambiente social. A censura baseia-se no esforço de alguns para proteger a comunidade de outras idéias e influências.
P - É comum a resistência às novas formas de comunicação e de tecnologia, mas, no caso dos comics, a reação foi muito maior, especial, dos pais?
Por que essa ira não teve tanta intensidade em relação ao cinema?
R - O cinema rapidamente se tornou tão penetrante que atualmente faz parte de nosso meio. Ele forneceu experiências de vida com tal realismo que a forma deixou de ser objeto de críticas. A censura no cinema é dirigida ao conteúdo, e não ao meio de comunicação em si. Os quadrinhos competiram com os padrões literários tradicionais. Eles criaram uma nova forma de leitura, o que afrontou a ordem pré-estabelecida, que vê os quadrinhos como uma forma de paródia. Na realidade, por serem menos desafiadores do que os textos, eles foram considerados de nível inferior.
P - Os comics eram vistos na época da guerra fria como algo monstruoso que transformava crianças e adolescentes em delinquentes, prostitutas e homossexuais. Como consequência, passou a existir um tipo de preconceito que reduziu os comics a uma arte menor. Essa imagem negativa ainda existe?
R - Antes de qualquer coisa, nenhum psicólogo responsável considera uma ameaça qualquer meio de comunicação.
P - Os seus comics sempre tiveram muito da linguagem cinematográfica (ângulos, luz, sombras, cortes, closes...). Qual é a sua relação com o cinema? O senhor já fez algum story-board de filme?
R - Eu sempre prestei atenção no impacto do cinema nos hábitos de
leitura. Ele influenciou a percepção visual do leitor, o seu ritmo de
leitura e o reconhecimento de estereótipos. Não me interesso por filmes enquanto meio de comunicação. Atualmente, os direitos de "The Spirit" estão com um produtor de Hollywood. Eu não sei se, e quando, eles farão um filme com ele. Sinceramente eu não me importo com isso. Um filme, bom ou ruim, surtirá pouco efeito sobre a qualidade básica de meu trabalho.
P - O senhor nunca fez um personagem para tiras diárias de jornais?
R - Eu nunca fui além das tiras diárias de The Spirit, que tiveram curta duração. Prefiro os livros. As tiras diárias são muito limitantes para mim, e as graphic novels não o são.
P - Uma curiosidade de desenhista: Que material você usa para desenhar?
R - Uso uma caneta e um pincel de pêlos de sabre. A caneta é para os fundos com superfícies ásperas e rígidas, e o pincel (nº 3) é para pessoas e folhagens, para transmitir suavidade e movimento. Agora eu uso a caneta para fundos sombreados e áreas cinzas.
Spirit, sempre entre belas e feras
P - Os comics americanos de hoje são bem mais caracterizados pela ação do que pelo roteiro. Se o senhor começasse a fazer o The Spirit hoje, com toda a profundidade psicológica, emocional e humorística dele, ele teria a mesma aceitação no mercado? Ou seja, "The Spirit" se tornou uma espécie de personagem europeu?
R - A concepção de "The Spirit" foi um produto de sua época e tecnologia de reprodução. Eu nunca mudei meu estilo para satisfazer o mercado. Mesmo quando fiz quadrinhos para os militares permaneci fiel ao meu estilo e à minha personalidade artística. É difícil imaginar como seria o "The Spirit" se eu o criasse hoje, porque sou muito mais velho, acumulei mais habilidades e tenho uma visão mais madura. Não conheço muitos artistas e escritores comprometidos e criativos que permaneceram imutáveis no decorrer dos anos, embora todos eles tenham conservado sua personalidade
e estilo.